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TIPOS DE ENERGIAS
TIPOS DE ENERGIAS

Quando Américo Vespúcio chegou a Fernando de Noronha, em 1503, chamou o local de “verdadeira maravilha da natureza”. Os turistas de hoje parecem concordar com sua opinião, porque o número de visitas à ilha não para de crescer desde a década de 1990. Para eles, no entanto, não basta uma bela paisagem, golfinhos no mar e atobás no céu. É preciso certo conforto — como TV, ar-condicionado e banho quente no quarto da pousada. Haja energia.

Para atender a essa demanda, a ilha apela para a Usina Termelétrica de Tubarão. Ela queima uma média de 310 mil litros de diesel por mês, para gerar 3,2 MW, fazendo muito barulho e poluição. Além disso, o combustível precisa ser transportado de navio para a ilha — já pensou se um acidente o derrama no mar? Felizmente, tudo isso tem data para acabar, graças a um projeto de R$ 35 milhões que vai revolucionar a geração de energia do santuário ecológico.

Ainda este ano, entram em funcionamento duas usinas solares e 13 geradores eólicos. Ano que vem, é a vez de uma usina de pirólise, que queima o lixo não reciclável de modo controlado, gerando menos poluição do que uma incineração normal — e energia! De quebra, ela resolve o problema das 3 toneladas de resíduos geradas por dia no arquipélago, que são enviadas ao continente por R$ 15 mil mensais.

A maior novidade, no entanto, será uma usina marítima, prevista para funcionar em 2014. A tecnologia usa barcas fixadas no fundo do mar, com pás flexíveis que transformam a energia do vai e vem das ondas em eletricidade (veja na página seguinte). O mecanismo já foi testado no mar de Peniche, área portuguesa de preservação ambiental com características semelhantes às de Noronha. “Ela não agride o ambiente. Como o mar é aberto, a placa funciona até como uma proteção para a vida no mar”, diz Fernando Machado, da Secretaria de Ciência e Tecnologia do governo de Pernambuco e responsável pelo projeto.

ONGs e órgãos de preservação ambiental, como de praxe, ainda se mostram desconfiados. “Ainda não podemos afirmar nada”, diz Ricardo Araújo, chefe do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. “A usina pode ter influência para corais e peixes do local.” O governo de Pernambuco afirma que todos os projetos se enquadram nas exigências da legislação ambiental vigente, tanto federal quanto estadual. “Mas só teremos uma resposta conclusiva sobre o impacto ambiental de todos os sistemas quando os equipamentos estiverem instalados de fato”, pondera Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace Brasil.

A oferta de energia no Brasil ainda não é confiável, apontou um estudo recente do Ipea. Para o Ipea, o problema está na ausência de mecanismos que permitam aos agentes do mercado elétrico gerenciar seus riscos. De acordo com o estudo "Setor elétrico: desafios e oportunidades", as dúvidas em relação ao setor energético colocam em risco a competitividade do parque industrial brasileiro de forma mais ampla, especialmente em setores intensivos em energia. A entrada em operação de grandes centrais hidrelétricas na Amazônia - como as usinas do Rio Madeira e de Belo Monte e de parques eólicos - deverá arrefecer o movimento de alta nos preços de energia no atacado.

Garantia

A capacidade instalada e contratada de geração de energia no país, segundo o governo, garante um aumento anual de 7% do PIB até 2014. Mas, o consumo energético da indústria em 2010, pode diminuir esse prazo. A demanda projetada até 2014 já estaria suprida, entre 3 mil e 3,5 mil megawatts-médios por ano, contratados para entrar em operação.